quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Minha geração e a sua passividade crônica





      Nos anos 60 os jovens lutavam contra a ditadura, nos anos 80 lutavam a favor das diretas já... e hoje? Motivos para "lutar" não faltam, que seja sobre segurança pública, saúde pública, educação ou se preferir continuar na esfera política, que seja contra a corrupção e a impunidade dos bandidos de terno. O país tem sérios problemas nos mais variados temas e a única coisa que fazemos é ficar assistindo passivamente o circo pegar fogo. Onde esta toda aquela inquietação popular de outrora?
  Os jovens de esquerda no Brasil dos anos 60, acreditavam que realmente era possível "libertar" o país do governo militar, seja através de uma reforma ou de uma revolução. De fato aquela agitação incomodou muito os militares, principalmente durante o mandato de Costa e Silva, até este aprovar o AI-5 em 1968. O sociólogo Luciano Martins fez um estudo com os jovens que se formaram depois do Ato Institucional 5, chamou de "Geração AI-5" e constatou uma "desarticulação do discurso" entre os jovens, devido o culto as drogas e o modismo psicanalítico somado ao aumento da repressão do governo militar. Se Luciano Martins voltasse a realizar um estudo como esse hoje em dia, ele provavelmente constataria a total "despolitização" da maioria jovens. 
      Devo admitir que gostar ou se interessar por política nos dias de hoje exige muita paciência e estômago forte, mas parte da culpa dessa "despolitização" juvenil é dos próprios jovens que gastam varias horas por dia com TV, Facebook e  Game e não gastam nem 10 minutos em uma boa leitura para aprimorar o senso crítico e fazer a cabeça funcionar, também não podemos negar o fato de que antigamente lia-se como se hoje assiste televisão. Já a outra parte da culpa pela "despolitização" dos jovens envolve assuntos bem mais complexos, como o fato do governo até hoje não criar nenhum tipo de incentivo a leitura de assuntos políticos na escola. Esse interesse deveria ser despertado na transição da infância para a adolescência, mas aprimorar o senso crítico do povo é a última coisa que os políticos querem. Esse modo "maquiavélico" de lidar com o povo esta no DNA dos políticos, uma vez que nenhum deles que chegam ao poder investem em educação. 
  Não podemos mensurar ou dizer exatamente quais foram os motivos que levaram os jovens das gerações pós-ditadura, a serem passivos e despolitizados. Certamente foi um conjunto de fatores como: a falta de investimento na educação, avanço tecnológico, egoísmo das pessoas e perca do patriotismo. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A essência do futebol




    O assunto do momento são as aulas de futebol do Barcelona. O clube catalão encanta o mundo cada vez mais e é inevitável que jornalistas, atletas e torcedores perguntam-se se é possível um clube brasileiro repetir as maravilhas que faz o Barcelona. Abaixo você confere a hipótese de alguém que ainda não é especialista no assunto, mas que entende um pouco de futebol....

     É simples e para responder não precisa ser jornalista. Para o Barcelona a melhor defesa é o ataque e para os times brasileiros o melhor ataque é a defesa. Não sou eu que estou falando, são os próprios clubes que demonstram isso. O futebol brasileiro esta decadente, os times jogam no contra-ataque, a bola parada é a salvação, esperam o adversário errar, os grandes "camisas 10" são gringos, os treinadores são sempre os mesmos usando as mesmas táticas que os consagraram em outrora. Sem falar no péssimo estado dos gramados, na falta de ambição dos cartolas, cartolas esses que são amadores e só se preocupam com uma palavra "resultado" a mesma cobrada por torcedores de norte a sul do país, torcedores esses que são extremamente impacientes com os técnicos e vivem "cuidado" da vida de jogadores. E ainda acham que a única forma de protesto é danificar a própria estrutura do clube, estrutura essa que só agora esta começando a ter algum investimento.   
    Se o assunto é divisão de base, ai então que estamos anos luz de distância, os nossos jovens e futuros jogadores estão todos vendidos a empresários que só querem lucrar com a venda desses garotos o mais rápido possível. Os garotos tem a responsabilidade imensa de ganhar o incrível "Super Campeonato Brasileiro sub-15" e se perder são dispensados, porque para os clubes a única coisa que interessa é o.... resultado, é claro. Outro fator negativo é o diferente tratamento que os profissionais da base dão aos atletas, aqueles mais "habilidosos" são sempre bajulados por esses profissionais enquanto que os outros são tratados com uma cobrança exagerada. Mais aí quando aparece um Neymar fazendo sucesso os dirigentes e profissionais fazem questão de dizer que isso "é fruto do nosso ótimo trabalho de divisão de base", por favor né!? A quem eles pensam que estão enganando? 
    Eu disse que era simples responder? bom... acho que nem tanto, mas acredito que muitos erros nos conhecemos e só precisamos de alguém que queira mudar tudo isso e é exatamente ai que esta o maior problema. Não podemos reclamar de falta de oportunidade para melhorar o nosso futebol, durante anos os clubes viviam na pindaíba, mas agora a economia do país melhorou, tem mais patrocinador, a TV investe cada vez mais, enfim tem mais grana nos clubes. A questão é se os dirigentes estão preparados e se saberão lidar com essa quantidade de dinheiro que esta chegando aos clubes, meu palpite é não, não é pessimismo, são fatos! Afinal eles nunca souberam lidar com migalhas, porque agora saberão lidar com milhões? 
    Como podemos constatar, o futebol brasileiro tem sérios problemas em todas as esferas do mundo da bola. Não são problemas sem solução, mas com certeza uma grande mudança deve ser feita para esse futebol voltar a ser respeitado e voltar a encantar.  

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Que 2012 tenha mais movimentos desse gênero

       


    "Só é digno dos seus direitos quem luta por eles" a frase de Ruy Barbosa nunca foi tão oportuna como agora, um momento em que "parece" que estamos levantando do sofá e colocando vassouras em frente ao Congresso. Devemos fazer mais, precisamos ir além do que caçar corruptos, temos que pressionar o governo cada vez mais. Só não podemos deixar que a hipocrisia aumente quando o assunto é corrupção.
    Quando muitas pessoas pensam em corrupção, elas associam a palavra aos políticos, mas se esquecem que subornar um policial, ter "gato" em casa, furar fila, jogar lixo na rua ou comprar um DVD pirata também são formas de corrupção. A lista de delitos que praticamos diariamente é enorme, e o pior, muitos já estão inseridos no comportamento de vários cidadãos, chamamos isso popularmente de "jeitinho brasileiro". E esses indivíduos que se corrompem diariamente não tem moral para reivindicar os seus direitos e muito menos para falar mal de político, é o sujo falando do mal lavado, é a forma mais clara do principal defeito do ser humano: a hipocrisia. 
  Dado o recado aos meus compatriotas, voltemos a nossa atenção sobre os protestos contra aqueles que não merecem respeito. A Marcha Contra Corrupção é um movimento criado em meados de agosto desse ano e organizado nas redes sociais. Os responsáveis por essa agitação popular declaram-se como um movimento apartidário e "formado espontaneamente pela sociedade civil”, segundo um dos organizadores do protesto, o advogado Adauto Ferreira. Durante o desfile de 7 de Setembro, em Brasília, manifestantes lavaram a rampa do Congresso em um ato que demonstrava toda a nossa revolta contra a corrupção. Um depoimento dado pelo italiano Ernesto Cordella à equipe do site G1 chamou atenção "Acho ótima essa manifestação. Deveria acontecer a cada domingo. A corrupção é a mesma, mas na Europa tem mais movimentos populares como esse que está acontecendo hoje no Brasil. As pessoas gritam mais". Ernesto tem razão devemos protestar, reivindicar, exigir, gritar mais.  
    No dia 12 de outubro o movimento mobilizou pessoas em 25 cidades de 18 estados do país. Dessa vez foi dado um passo à frente, porque além de protestar contra a corrupção colocamos no repertório de gritos assuntos como validação da Lei da Ficha Limpa e o fim do voto secreto nas votações do Congresso. E assim deve ser feito, protestar não só contra a corrupção mas também contra todas as cagadas que já estamos cansados de ver. Um participante ilustre da manifestação foi o ativista político, Tico Santa Cruz - é isso mesmo ativista político, aliás ele é melhor nesse papel do que como músico - que escreveu em seu blog a respeito da passeata "Não se trata de um movimento contra o governo Dilma, PT ou qualquer outro partido político, se trata de um movimento a favor de uma política honesta, independente de quem esteja no comando, mas principalmente se trata de colocar as coisas no devido lugar, é o povo quem manda e não o contrário". 
  A verdade é que muitas vezes nos esquecemos que nós temos o poder, são vários os exemplos na história da humanidade em que um povo insatisfeito mudou o rumo de seu país. A única coisa que precisamos é acreditar que podemos mudar, nem que para isso seja necessário fazermos como os franceses em Maio de 68 ou como na passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro. Enfim, coloquemos ordem na casa, afinal esta escrito em algum lugar que é através da ordem que se atinge o progresso.