Nos anos 60 os jovens lutavam contra a ditadura, nos anos 80 lutavam a favor das diretas já... e hoje? Motivos para "lutar" não faltam, que seja sobre segurança pública, saúde pública, educação ou se preferir continuar na esfera política, que seja contra a corrupção e a impunidade dos bandidos de terno. O país tem sérios problemas nos mais variados temas e a única coisa que fazemos é ficar assistindo passivamente o circo pegar fogo. Onde esta toda aquela inquietação popular de outrora?
Os jovens de esquerda no Brasil dos anos 60, acreditavam que realmente era possível "libertar" o país do governo militar, seja através de uma reforma ou de uma revolução. De fato aquela agitação incomodou muito os militares, principalmente durante o mandato de Costa e Silva, até este aprovar o AI-5 em 1968. O sociólogo Luciano Martins fez um estudo com os jovens que se formaram depois do Ato Institucional 5, chamou de "Geração AI-5" e constatou uma "desarticulação do discurso" entre os jovens, devido o culto as drogas e o modismo psicanalítico somado ao aumento da repressão do governo militar. Se Luciano Martins voltasse a realizar um estudo como esse hoje em dia, ele provavelmente constataria a total "despolitização" da maioria jovens.
Devo admitir que gostar ou se interessar por política nos dias de hoje exige muita paciência e estômago forte, mas parte da culpa dessa "despolitização" juvenil é dos próprios jovens que gastam varias horas por dia com TV, Facebook e Game e não gastam nem 10 minutos em uma boa leitura para aprimorar o senso crítico e fazer a cabeça funcionar, também não podemos negar o fato de que antigamente lia-se como se hoje assiste televisão. Já a outra parte da culpa pela "despolitização" dos jovens envolve assuntos bem mais complexos, como o fato do governo até hoje não criar nenhum tipo de incentivo a leitura de assuntos políticos na escola. Esse interesse deveria ser despertado na transição da infância para a adolescência, mas aprimorar o senso crítico do povo é a última coisa que os políticos querem. Esse modo "maquiavélico" de lidar com o povo esta no DNA dos políticos, uma vez que nenhum deles que chegam ao poder investem em educação.
Não podemos mensurar ou dizer exatamente quais foram os motivos que levaram os jovens das gerações pós-ditadura, a serem passivos e despolitizados. Certamente foi um conjunto de fatores como: a falta de investimento na educação, avanço tecnológico, egoísmo das pessoas e perca do patriotismo.